segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

ECLESIOLOGIA

DOUTRINA CONCERNENTE A IGREJA

Uibaí, 21 de agosto de 2010
DEFININDO A IGREJA

A palavra IGREJA (EKLESIA, no grego) aparece a primeira vez em Mateus 16.18 e foi pronunciada por Jesus. Aqui significa Assembléia dos chamados para fora. Aparece depois em Atos 2:47 e significa Assembléia dos Escolhidos. Neste contexto a Igreja compreende a comunidade dos salvos por Jesus Cristo.

Do ponto de vista espiritual a Igreja é a agência de Deus na terra (I Pedro 2.9; Efésios 4.12b) cuja finalidade é a proclamação das verdades eternas. Do ponto de vista humano, ela é uma família onde os salvos são congregados e constituídos filhos de Deus (Atos 2.47; João 1.12). Como família, a Igreja forma o ambiente ideal para o desenvolvimento da natureza espiritual e do caráter de Deus em seus membros.

A Igreja pode ser distinta em Igreja Universal e Igreja Local. Igreja Universal compreende o organismo espiritual formado por todos os que, em todos os tempos e lugares, tiverem seus nomes escritos no Livro da Vida. É a "universal assembléia e igreja dos primogênitos que estão inscritos nos céus" (Hb 12.23). Igreja Local é o agrupamento de crentes regenerados e batizados em águas, residentes em determinada região. Aqui há a necessidade de ministérios e cooperadores. E para isso Ele deu apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores (Ef 4.11).

A Igreja é um povo especial - que foi tirado do mundo (João 15.19) de forma especial (I Pedro 1.18,19) para propósitos especiais (II Pedro 2.9). Isto significa que, nas circunstâncias em que nos encontrávamos, somente uma intervenção poderosa, especial, poderia mudar o curso da nossa vida. Mas Deus não envidaria tamanho esforço sem ter em mente objetivos também especiais, nobres, os quais são o de sermos seus cooperadores na divulgação de suas eternas virtudes.

A Igreja é o Corpo de Cristo (Ef 1.22,23) - Constituído por aqueles que alcançaram vida nova por meio da salvação em Cristo. Esta nova vida é o próprio Cristo (Cl 3.4) que vive em nós (Gl 2.20). Os salvos, pois, formam um corpo cuja vida e direção, dependem da cabeça, que é Cristo (Ef 1.22,23). Ora, Cristo mesmo é o salvador do corpo (Ef 5.23).

A Igreja é um Templo (I Co 3.16) onde habita a plenitude de Deus. Aqui os salvos simbolizam "pedras vivas" (I Pe 2.4,5) usadas na edificação da "casa espiritual", cujo fundamento é Cristo (Mt 16.18; Atos 4.11; I Pe 2.4). Neste fundamento todos os membros da Igreja estão fundados e sobreedificados (Cl 2.7; Ef 2.20) e desfrutam da firmeza e segurança de uma rocha (I Pe 2.6,7). "E ninguém pode por outro fundamento" (I Co 3.11).

A Igreja é um Rebanho (Atos 20.28) - cuidado, assistido e protegido pelo Bom Pastor (João 10.11) que nada deixa faltar (Salmo 23.1), dando até mesmo sua própria vida pelas ovelhas (João 10:11), porque é o Sumo Pastor (I Pedro 5:.4) e Grande Pastor (Hebreus 13.28). Este símbolo aponta para a dependência absoluta que a Igreja tem de Jesus.

A Igreja é um Castiçal (Apocalipse 2.1) - à semelhança do castiçal usado no tabernáculo, a Igreja deve iluminar: "Vós sois a luz do mundo" (Mateus 5.14). Entretanto, a Igreja deve lembrar-se que o azeite que permite o resplandecer emana de Jesus: "Eu sou a luz do mundo" (João 8.12)... "Sem mim nada podeis fazer" (João 15.5). Agora veja: O castiçal do tabernáculo continha sete braços com sete lâmpadas. Estes braços estavam ligados à uma coluna com um pedestal, e um dos braços era a própria coluna. Ora, Jesus é a coluna. Assim como os demais braços dependiam da coluna para estarem firmes e receberem o azeite com o qual podiam fazer arderem as lâmpadas, também os crentes precisam estar ligados e arraigados em Jesus (João 15.1-15).

A ESTRUTURA DA IGREJA

A Igreja é vista na Bíblia sob diferentes aspectos, cada um apontando para a sua natureza íntima e para sua razão de estar no mundo. Um destes aspectos, talvez o mais importante, é o de casa: Ela é a casa de Deus (I Timóteo 3.15). Toda casa tem uma estrutura da qual dependerão sua segurança e seu valor. O fundamento desta casa é Jesus, os materiais são os salvos aos quais Pedro chamou "pedras vivas" (I Pedro 2.5).
1. O Fundamento
Fundamento é base de sustentação e, no contexto bíblico, é a própria razão de ser da Igreja. Dada a origem eterna da Igreja, sua natureza e seus propósitos, um fundamento para ela só pode ser Jesus, pois sem Ele o mundo não existiria (Jo 1.3); e nada poderíamos fazer (Jo 15.5). Foi Jesus quem comprou a Igreja e morreu para ser seu Senhor (Rm 14.9), para que tivesse a preeminência em tudo (Col 1.18). Paulo ensinou que Cristo é o fundamento sobre o qual a Igreja está edificada, e fez solene advertência aos edificadores: "...veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode por outro fundamento" (I Co 3.10,11).

Na reunião ministerial registrada em Mateus 16.13-18, em que Jesus avaliava seu ministério terreno, Pedro fez a seguinte declaração: "...Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mateus 16.16). Ato contínuo, disse Jesus: "...sobre esta pedra (declaração) edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:18). Pedro entendeu que a "pedra" a que se referiu Jesus era a sua declaração de que Jesus é "o Cristo, o Filho de Deus vivo" e não ele próprio (Pedro), como alguns hoje entendem. A evidência deste entendimento Pedro mesmo registrou em sua Primeira epístola universal, capítulo 2 versículos 4 a 8.

Que Cristo é a Rocha e Fundamento da Igreja é o entendimento de toda a Bíblia. No livro de Êxodo, Moisés feriu uma Rocha da qual saiu água que saciou a sede do povo Hebreu (Êxodo 17.1-7). Esta Rocha era Cristo que os seguia em suas jornadas, conforme declarou Paulo em I Coríntios 10.4. Daniel viu uma pedra que foi cortada sem mão; esta pedra feriu uma grande estátua (símbolo da idolatria da época e do futuro reino do anticristo) em seus pés e a tornou em poeira (Daniel 2.1-35). Esta mesma pedra se tornou em um "grande monte, e encheu toda a terra".

Portanto, Jesus Cristo é a Rocha inabalável e eterna sobre a qual está edificada sua Igreja. É por isso que as portas do inferno nunca prevaleceram, nem jamais prevalecerão contra ela.

2. A Construção
Pedro disse que os salvos são as "pedras vivas" com as quais a "casa de Deus" é construída (I Pedro 2.5). Mas esta casa é espiritual, portanto, cada cristão deve esforçar-se para andar e viver em espírito (Gálatas 5.16,18,25). Esta é a condição para o salvo vencer as inclinações da carne e produzir os frutos do Espírito.

Na construção as pedras não estão isoladas, mas unidas. Assim os salvos devem viver em união (Salmo 133), pois esta é a condição para o mundo crer que Jesus foi enviado por Deus (João 17.11,21-23). A argamassa desta união deve ser o amor (João 15.9-14), pois somente o amor justifica, dignifica, autentica e legitima o que somos e fazemos em Cristo (I Coríntios cap. 13).


ORIGEM DA IGREJA
Igreja não é invenção humana, mas uma Instituição Divina, planejada antes da fundação do mundo. O Reino - do qual Jesus falou em Mateus 25:34 e que se destina aos salvos - foi preparado desde a fundação do mundo. Logo, a Igreja já estava nos planos de Deus antes mesmo de fazer o mundo.

Quando Deus planejou o universo em que habitamos, especialmente o homem, estando o projeto ainda em sua "prancheta", previu a queda do homem. Então, movido por seu imensurável amor, arquitetou um plano de redenção para o homem que haveria de cair. Este plano foi o sacrifício do seu Filho amado (Filipenses 1.4,5; I Pedro 1.19,20). E porque o Filho aceitou o plano divino, a Bíblia o chama de "O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo" (Ap 13.8).

Mesmo tendo sido planejada no eterno passado, a Igreja permaneceu oculta durante milênios, constituindo-se num verdadeiro mistério. Nem os profetas da antiga aliança, nem os apóstolos no início dos seus ministérios compreenderam este mistério. Chegada, porém, a plenitude dos tempos Deus o revelou "pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas" (Efésios 3.5).

Outros detalhes deste mistério foram revelados por Paulo, através de suas epístolas. Mas ele dizia: "...eu recebi do Senhor o que também vos ensinei..." (I Coríntios 11.23), como quem diz que nenhuma declaração acerca deste mistério é válida, senão as reveladas pelo Senhor do mistério: Jesus Cristo.
O início dessa revelação foi na "plenitude dos tempos" (Gálatas 4.4), quando Deus enviou Jesus Cristo e, vindo Ele, iniciou a obra de redenção dos pecadores através da qual recebemos a adoção de filhos. Desde então os homens, mediante a pregação do Evangelho, passaram a convergir à Cristo (Ef 1.10), formando um grupo em torno de Jesus; iniciou-se a Igreja.

Entretanto, a inauguração da Igreja como organismo atuante, na forma como Deus havia planejado, se deu no dia de pentecostes, quando os discípulos receberam o poder do alto através do derramamento do Espírito Santo. Aí estava o mistério de Deus revelado: a Igreja, o órgão da operação de Deus na presente Dispensação.

É interessante notar que nenhum livro escrito, nem ordem alguma existiam sobre o modo como a Igreja devia ser organizada. Jesus apenas disse que sua Igreja seria edificada sobre a rocha - a confissão de Pedro (Mt 16.18) - e que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela. Mas o Espírito Santo se encarregou de conduzir todas as coisas. E da forma como ela se organizou, primitivamente, em Jerusalém, tem sido o modelo para todos os tempos e lugares.


RAZÃO DE SER DA IGREJA
A Bíblia nos ensina que Deus tem propósitos bem definidos para tudo que faz. Mas, qual seria o propósito de Deus com a Igreja? Bem, Paulo disse aos Efésios que tal propósito é eterno (Efésios 3.10,11). Então, vejamos alguns desses propósitos:

1. Ser a Morada de Deus
As Escrituras insistentemente ensinam que Deus quer habitar entre os homens (Êxodo 25.8; 40.34; 1 Reis 6.11-13; 9.3-5; Mateus 18.20; I Coríntios 3.16; Efésios 2.21,22). Isto tem dois sentidos: em primeiro lugar, Deus habita no meio da Igreja enquanto organismo coletivo universal; e em segundo, no cristão individualmente.

Quando os judeus intentaram construir um templo à Deus, Deus lhes perguntou: "... que casa me edificareis vós?" (Isaías 66.1b). Isto Deus perguntou em razão de sua grandeza infinita não poder ser contida pelos céus nem pela terra juntos, pois deles faz o seu lugar de assento e o estrado dos seus pés. É fácil crer que foi pensando nisto que Paulo declarou que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas, porque Deus mesmo preparou templo para sua morada, o qual somos nós (I Coríntios 3.16; II Coríntios 6.16; Efésios 2.22).

Não é sem motivos que Deus deseja habitar entre nós e em nós. Seu desejo é revelar-se ao homem e falar-lhe amorosamente ao coração (Ap. 3.20; 2.7,11,17,29; 3.13; I Pedro 1.12; Hebreus 2.3,4).

Mas, sem nenhuma dúvida, o propósito sublime de Deus em fazer da Igreja sua morada é o de relacionar-se intimamente com ela, e assim proporcionar-lhe segurança (Salmo 124), alegria e gozo, e capacidade para enfrentar os desertos e os embates da vida. Compreendendo essa necessidade Moisés, peremptoriamente, disse à Deus: "...Se a tua presença não for conosco, não nos faça subir daqui" (Êxodo 33.15).

2. Cultuar a Deus
A Igreja tem o nobre propósito de cultuar a Deus. Só ela pode fazê-lo convenientemente, porque conhece em que consiste o verdadeiro culto a Deus e o modo correto de realizá-lo; pois é ela o sacerdócio real (I Pedro 2.5,9; Apocalipse 1.6). Portanto, a Igreja deve cultuar a Deus através do sacerdócio que dEle recebeu. O sacerdócio da Igreja, à semelhança do sacerdócio levítico, tem como escopo o seguinte:

A) Honrar a Deus, com os dons e bens que tem dispensado à humanidade, reconhecendo sua soberania absoluta. A Igreja honra a Deus quando lhe oferece sacrifícios de louvor (Hebreus 13.15); quando seus membros apresentam a Deus seus corpos em sacrifício, isto é, quando seus corpos são colocados à serviço de Deus e de sua Igreja (Romanos 12.1; II Coríntios 8.5); quando suas obras fazem os homens glorificarem a Deus (Mateus 5.16); quando por seu intermédio a bênção de Deus é liberada aos homens (Gênesis 12.2d; Mateus 5.44).
B) Interceder pelos homens. Este é um aspecto muito importante do sacerdócio. A Igreja deve interceder a Deus pelos homens com orações e rogos, súplicas e jejuns. Muitos não sabem como buscar o favor de Deus, outros já não têm forças para fazê-lo. Nestes casos, a Igreja deve prostrar-se diante de Deus como se fora eles. Paulo parece sugerir isso quando diz: "... que se façam deprecações, orações, intercessões... por todos os homens" (I Timóteo 2.1).

C) Cuidar dos negócios de Deus na terra. O maior e imediato interesse de Deus na terra é a salvação dos homens, por isso Ele deu o melhor de Si: Jesus Cristo (João 3.16). Eis aqui o grande privilégio da Igreja: proclamar essa salvação. Sem dúvida este é o ponto principal do sacerdócio. Tão grande é sua importância que Deus mantém toda a corte celeste mobilizada neste sentido:
=> Dons espirituais foram distribuídos à Igreja - que são as ferramentas e instrumentos que a capacitam para o desempenho deste ministério (I Coríntios 12.1-11).
=> Dons ministeriais foram dados para mantê-la sistematicamente organizada e bem dirigida nesta direção (Efésios 4.11,12).
=> Os anjos estão igualmente empenhados para verem cumpridos os intentos de Deus em relação aos homens e à sua Igreja (Hebreus 1.13,14; Atos 5.19; 9.1-6; 12.7-10).

3. Edificar os crentes
Esta função da Igreja é desempenhada dentro dela mesma em relação aos seus membros, visando o seu desenvolvimento espiritual, a correção dos comportamentos inadequados e o suporte espiritual. Compreende os seguintes aspectos:

A) Ensino. É necessário que os salvos sejam instruídos nos conselhos (palavra) de Deus (Atos 20.20,27; Mateus 28:18-20; II Timóteo 2.2) a fim de alcançarem o crescimento espiritual (I Pedro 2.1,2) e poderem cumprir a vontade de Deus, atingirem a estatura de Cristo (Efésios 4.13) e alcançarem o prêmio da soberana vocação (Filipenses 3.14).

B) Disciplina. Compreende a punição dos membros que, negligentemente, transgridem os mandamentos do Senhor (I Coríntios 5.1-13); repreensão branda aos vacilantes (Efésios 6.1), severa aos desordeiros (I Tessalonicenses 5.14), pública aos resistentes (Mateus 18.15). A disciplina visa ajustar o comportamento dos salvos aos princípios espirituais, morais e éticos exarados na Bíblia Sagrada.

C) Assistência. Diz respeito ao suporte material e espiritual. É até um meio de cada salvo aperfeiçoar suas qualidades humanísticas e desenvolver suas virtudes espirituais. Pode ser vista como uma bateria de exercícios à que o atleta cristão deve se aplicar (I Timóteo 4.8). Do ponto de vista material, compreende o socorro aos necessitados (Mateus 5.42; I Coríntios 16.1-3; Tiago 2.15,16; Efésios 4.28; I João 3.17). No sentido espiritual compreende a paciência com os fracos (Romanos 15.1,2; Gálatas 6.1) e o socorro em suas dificuldades espirituais (Gálatas 6.2; I Tessalonicenses 5.14).

4. Ser Coluna e Firmeza da Verdade
O mundo está mergulhado nas trevas da mentira (I João 5.19), pois aquele que o está subjugando é o pai da mentira (João 8.44). A Igreja deve ser a "coluna e firmeza da verdade" (I Timóteo 3.15). Há sobeja razão para isso. A Igreja é de Deus e para Ele uma casa, e toda obra de Deus tem a verdade como fundamento (Jeremias 10.10).

A igreja também é o corpo de Cristo, e Cristo é a verdade (João 14.6). Além disso, a vida da Igreja, que é Cristo, lhe é transmitida pelo Espírito Santo, e Ele é o Espírito de Verdade (João 16.13).

Concluindo, no tocante à razão de ser da Igreja, que Deus a equipou devidamente, tanto coletiva, quanto individualmente. Cada membro seu recebeu do Senhor uma função, é o que se depreende de Marcos 13.34. Deu-lhe Deus o revestimento de poder do alto (Atos 1.8; 2.1-4); talentos diversos (Lucas 19.19); dons espirituais (I Coríntios 12.1-12); dons ministeriais (Efésios 4.11); e prometeu está com ela ininterruptamente (Mateus 28.20).


O GOVERNO DA IGREJA

O governo é uma das responsabilidades de cada membro da Igreja, mas deve ser baseado na escolha e no amor de Deus. "E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores" (Ef 4.11). "E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado como Arão" (Hb 5.4). O governo é uma necessidade e existe para o bem da Igreja (Ef 4.12).

1 Pastores
Têm a responsabilidade de cuidar da saúde, segurança e bem-estar do rebanho. É também chamado de Anjo da Igreja (Apocalipse 2.1). A Bíblia recomenda que lhes obedeçamos (Hebreus 13.7,17). Esta é uma função de grandíssima responsabilidade, pois os pastores são tratados pela Bíblia como quem hão de dar conta do rebanho. É importante que os salvos compreendam a importância do pastorado e contribua para o bom desempenho dessa tarefa.

2 Presbíteros
O mesmo que superintendente, ancião, bispo. Os presbíteros são auxiliares direto do pastor. Geralmente governam uma congregação local (Atos 14.23; Tito 1.5; Atos 20.28). A função de presbítero é análoga a de pastor, porquanto podem desempenhar todas as funções pastorais. Na organização das Assembléias de Deus no Brasil o presbitério está instituído para auxílio do pastor. O presbítero deve estar ombreado ao pastor na defesa da Igreja e da doutrina.

3. Diáconos
Cuidam dos afazeres materiais da Igreja. Esta função foi instituída para a beneficência (Atos 6.1-3). Embora biblicamente o diaconato tenha sido instituído para funções seculares, é uma atribuição altamente importante e espiritual, pois lida com coisas sagradas. Ser diácono não impede desenvolver outros ministérios. A Bíblia fala de diáconos que foram evangelistas, como Estêvão e Filipe (Atos 7.1-53; 8.5-8).


AS ORDENANÇAS DA IGREJA

A palavra “ordenança” se deriva de dois vocábulos latinos que, em seu sentido final, significa “aquilo que foi ordenado ou mandado”. Esse termo tem sido usado para descrever as duas instituições, o Batismo e a Ceia do Senhor, que Cristo deixou às igrejas para observarem. Estas ordenanças são verdades cristãs simbolizadas; são memórias de Cristo, observadas em obediência a Ele, expressões de amor e devoção; são ritos cristãos, que designam como discípulos de Cristo aqueles que as observam convenientemente.

1. O BATISMO
O batismo simplesmente apresenta, através de símbolo visível, a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo, como também nossa morte para com a antiga vida de pecado, nosso sepultamento na semelhança de Sua morte, e nossa ressurreição para andarmos com Ele em nova vida.

A) SIGNIFICADO.
A palavra “batizar”, usada na fórmula de Mateus 28.19,20, significa literalmente mergulhar ou imergir. Essa interpretação é confirmada por eruditos da língua grega e pelos historiadores da igreja. Este significado está bem de acordo ao simbolismo que o batismo encerra. Conforme vimos acima, o batismo simboliza o fato de o crente ter morrido para o mundo e o pecado, o sepultamento e sua ressurreição de acordo com a morte, sepultamento e ressurreição do Senhor Jesus Cristo.

B) IMPORTÂNCIA.
01) Foi ordenado por Cristo - Mc 16.15,16; Mt 28.19,20;
02) Ele mesmo se submeteu ao batismo - Mt 3.13-16;
02) Foi praticado pela Igreja primitiva - At 2.41,42; At 8.35-39; Rm 6.1-5.

C) O RECIPIENTE.
Todos os que sinceramente se arrependem de seus pecados e exercitam uma fé viva no Senhor Jesus, são elegíveis para o batismo (At 2.38). Na Igreja Apostólica o rito era acompanhado das seguintes expressões exteriores:
=> profissão de fé - Atos 8.37;
=> oração - Atos 22.16;
=> voto de consagração - 1 Pe 3.21.

As crianças, ainda que pecadoras, não têm de que se arrepender nem como exercerem fé, por isso estão excluídas do batismo nas águas, sem comprometimento de sua condição espiritual.

IV) A FÓRMULA
A ordem do Senhor Jesus foi esta: “Batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.18). Esta ordem não conflita as palavras de Pedro “...cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo” (Atos 2.38). Estas palavras de Pedro não representam uma fórmula, mas uma declaração de confiança. Ser batizado em nome de Jesus significa encomendar-se inteira e eternamente a ele como Salvador enviado do céu, e a aceitação de sua direção impõe a aceitação da fórmula dada por Jesus no capítulo 28 de Mateus.

2. A SANTA CEIA
Santa Ceia é rito distintivo da adoração cristã, instituída pelo Senhor Jesus na véspera de sua morte expiatória. Consiste na participação solene do pão e vinho, os quais, sendo apresentados ao Pai em memória do sacrifício inexaurível de Cristo, tornam-se um meio de graça pelo qual somos incentivados a uma fé mais viva e fidelidade maior a Ele. A Santa Ceia envolve os seguintes aspectos:
Comemoração - “Fazei isto em memória de mim”. A morte do Senhor é relembrada porque foi o evento culminante de seu ministério; foi por sua morte expiatória que fomos salvos. Todas as vezes que os cristãos se reúnem para celebrar a Ceia do Senhor, estão comemorando, dum modo especial, a morte expiatória de Cristo que os libertou dos pecados.
Instrução - A Ceia do Senhor é uma lição objetiva que expõe os dois fundamentos do Evangelho: 1) A encarnação. Ao participar do pão, ouvimos o apóstolo João dizer: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14); ouvimos o próprio Senhor declarar: “Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo” (Jo 6.33). 2) A expiação. Mas as bênçãos incluídas na encarnação nos são concedidas mediante a morte de Cristo. O pão e o vinho simbolizam dois resultados da morte: a separação do corpo e da vida, e a separação da carne e do sangue. O simbolismo do pão partido é que o Pão deve ser quebrantado na morte (Calvário) a fim de ser distribuído entre os espiritualmente famintos; o vinho derramado nos diz que o sangue de Cristo, o qual é a sua vida, deve ser derramado na morte a fim de que seu poder purificador e vivificante possa ser outorgado às almas necessitadas.
Inspiração - Os elementos, especialmente o vinho, nos lembram que pela fé podemos ser participantes da natureza de Cristo, isto é, ter “comunhão com Ele”.
Segurança - A nova aliança instituída por Jesus é um pacto de sangue, a semelhança da aliança de Deus com o povo judeu. Deus aceitou o sangue de Cristo (Hb 9.14-24; portanto, comprometeu-se, por causa de Cristo, a perdoar e salvar a todos os que vierem a Ele. O Sangue de Cristo é a divina garantia de que Ele será benévolo e misericordioso para aquele que se arrepende. A nossa parte nesse contrato é crer na morte expiatória de Cristo (Rm 3.25,26). Depois, então poderemos testificar que fomos aspergidos com o sangue da nova aliança (1 Pe 1.2).
Responsabilidade - “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber este cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor” (1 Co 11.20-34). Isto significa que devemos viver uma vida digna do nome do Senhor Jesus e um proceder de acordo com seus santos ensinos. Também ensina-nos a não confiarmos em nossa própria justiça, porque ela não existe, mas na justiça pessoal do Senhor Jesus, a qual nos é outorgada pela fé nEle.



Referência Bibliográfica

Apostila de Eclesiologia do IGAM – Professor José Lima

Nenhum comentário:

Postar um comentário